sexta-feira, 26 de março de 2010



















Ditos Gaúchos


"Mais feio que briga de foice no escuro."
"Mais feio que diabo chupando limão."
"Mais engraçado que gorda botando as calças."
"Mais ligado que rádio de preso."
"Mais beijado que anel de bispo."
"Mais engraxado que telefone de açougueiro."
"Mais velho que o rascunho da Bíblia."
"Mais batido que bengala de cego."
"Mais preto que apagão em baile funk."
"Mais desocupado que barbeiro de índio!"
"Mais assustado que véia em canoa."
"Mais vazio que rancho de pobre."
"Mais perdido que Grêmio em Primeira Divisão."
"Mais perdido que peido em bombacha."
"Mais perdido que fdp em Dia dos Pais."
"Mais perdido que cego em tiroteio."
"Mais perdido que surdo em bingo."
"Mais fechado que porta de convento."
"Mais metido que cueca em bunda de gordo."
"Mais feio que o rascunho do inferno."
"Mais frio que focinho de cachorro."
"Mais demorado que almoço de Natal."
"Mais quente que frigideira sem cabo."
"Mais sem graça que dançar com a irmã em festa."
"Mais amassado que dinheiro de bêbado."
"Mais enrolado que namoro de cobra."
"Mais por fora que arco de barrica."
"Mais por fora que quarto de empregada."
"Mais por fora que bunda de índio."
"Mais enfeitado que camêlo de cigano em dia de festa."
"Mais feliz que gordo de camiseta nova."
"Mais feliz que formiga em tampa de xarope."
"Mais gostoso que beijo de prima."
"Mais curto que coice de porco."
"Mais angustiado que barata de ponta-cabeça."
"Mais comprido que esperança de pobre."
"Mais comprido que cuspe de bêbado."
"Reclamando mais que vereador de oposição."
"Saracoteando mais que bolacha em boca de veia!"

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Cultura Gaúcha

Pesquisa: Nédio Vani – Bolicho do Gaudério

A ORIGEM DO GAÚCHO
Conforme o historiador “Libório Justo” que editou o livro “Pampa y Lanzas” em 1912, o gaúcho surgiu primeiramente com o nome de Changueador (carregador, indivíduo que se incube de carretos).
Em 1763 o gaúcho foi chamado de Gaudério (pessoa que não tem ocupação séria). Mas em 1790 é que recebeu o seu verdadeiro nome que perdura até hoje de Gaúcho. Os primitivos Gaúchos ou Changueadores eram classificados como coureadores, índios ou mestiços, sem domicílio certo, trabalhando em serviços que fossem executados a cavalo. Foram remanescentes de tribos guerreiras que habitavam na Argentina, no Uruguai, as vezes amestiçados com portugueses e espanhóis. Já os chamados Gaudérios, viviam sem eira nem beira, soltos, sem querência, de fazenda em fazenda. Porém sempre onde o Gaudério retornava, era recebido com muita alegria, muito carinho e muita curiosidade. Com o passar dos tempos o Gaúcho foi reconhecido como homem valente, hospitaleiro, alguns ocupados com as lides de campo, outros com vida militar, arrebanhados de gado e de cavalo.

ORIGEM DA PALAVRA GAÚCHO
O uruguaio “Daniel Granada” nos conta que a palavra Gaúcho, deriva do árabe Chaouch que significa Tropeiro. Já na Espanha surgiu como “Chaucho” com o mesmo significado de Tropeiro. Com a passagem da palavra pela boca dos chilenos e pelos índios do pampa, é que chegou a América do Sul o nome de Gaúcho. Para outros pesquisadores, o termo Gaúcho vem de Cachu ou Cauchu do Araucano, com o significado de camarada, esperto, fino, arteiro e astucioso. Para o pesquisador Aurélio Porto, o termo vem de Guahú; diz o Pe. Antônio Luis de Montoya que “Guahú” significa canto dos índios. Existem centenas de hipóteses a respeito da origem da palavra Gaúcho que apesar dos esforços dos pesquisadores, continua em volta de um grande mistério.

CUMPRIMENTO GAÚCHO
Em meados do século passado, segundo registro do escritor Caldre Fião, os gaúchos campeiros cumprimentavam-se formando uma cruz com os dois antebraços. Esse costume vigorou por cerca de mais um século. Foi quando o pessoal do CTG 35, de acordo com o testemunho de Barbosa Lessa, teimava que o costume era outro. Consistia primeiro num tocar de ponta de dedos. Depois, a tal cruz ou um espalhafatoso “quebra-costelas”, e, como fecho, um aperto de mão convencional, servindo de “confirmação” da amizade. Como permanecia a dúvida, o assunto foi posto em votação, e terminou sendo adotado como cumprimento oficial dos tradicionalistas o toque de dedos, seguindo do cruzar de antebraços ou o simples abraço forte e, para encerrar, a “confirmação”.

A BANDEIRA GAÚCHA
A Bandeira Gaúcha com o formato que tem hoje aparece durante a campanha Republicana no Brasil, na segunda metade do século 19. Jovens políticos como Júlio de Castilhos, querendo derrubar a Monarquia de D. Pedro II, foram buscar no passado gaúcho, símbolos republicanos durante a Guerra dos farrapos. A Bandeira figurava as duas cores brasileiras - O Verde e o Amarelo separados pelo Vermelho da Guerra.

ORIGEM DA SEMANA FARROUPILHA
Em 1947, o folclorista João Carlos D’Ávila Paixão Cortes com 20 de idade, fundou o departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos de Porto Alegre. No dia 8 de setembro de 1947 à zero hora, com um piquete de cinco cavalarianos, recolheu do Altar da Pátria na hora da extinção, uma “mudinha” do Fogo Simbólico. Levaram a chama para o Candeeiro Crioulo no “Colégio Julinho”, onde ardeu até 20 de setembro em comemoração ao “Dia do Gaúcho” (20/09/1835). Realizaram a primeira Ronda Crioula a mais longa “Semana Farroupilha” de todas que durou 12 dias. Durante a Ronda Crioula houve festa com música, poesia, fandango, concursos e discursos. Todos os anos em setembro, CTGs do País e do mundo comemoram na “Semana Farroupilha”, a bravura dos gaúchos que se separaram do Brasil e lutaram pelos seus direitos na Guerra dos Farrapos.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA-GUERRA DOS FARRAPOS
A chamada “Revolução Farroupilha depois Guerra dos Farrapos” teve sua origem no descontentamento dos habitantes do Rio Grande do Sul, que, provisoriamente, desligaram-se da comunidade Brasileira por quase dez anos. A Província de São Pedro ficou abandonada pelo Império do Brasil. Houve, porém, antecedentes marcantes. A Província continuava a pagar um pesado tributo sobre o charque, o couro e a terra, em função de sua localização geográfica. Havia falta de estradas, pontes e escolas; dificuldade para o registro de pessoas físicas. O povo gaúcho tinha que pagar pedágio nos “passos reais” e havia demora da justiça na solução dos processos. O povo não vê retorno nenhum em forma de obras e benfeitorias. Além disso, em 1828, caudilhos - chefes militares - Uruguaios e correntinos, atiravam-se sobre os Sete Povos das Missões, dizimando a cultura ali desenvolvida e aniquilando as populações. Os chefes das milícias (milicos-soldados) eram os grandes criadores de gado, que se sentiam cada vez mais prejudicados e pressionados pelos impostos sobre o charque. A voz dos Rio-grandenses não era ouvida pelos detentores do poder central. Os acontecimentos se precipitaram e acabaram transformando o movimento numa verdadeira guerra civil, eclodida a “20 de setembro de 1835”. Um piquete de revolucionário entrou em Porto Alegre, derrotando um destacamento legalista na ponte da Azenha. O coronel Bento Gonçalves da Silva – comandante da revolução - depõe o presidente Fernando Braga e dá posse ao Dr. Marciano Pereira Ribeiro. Os “Farroupilhas” criaram de fato um estado separado e independente do Brasil, pois tinham, escudo de armas, embaixadores, dinheiro, projeto de constituição, leis e governo próprio. A Guerra dos Farrapos terminou em “28 de fevereiro de 1845” voltando o Rio Grande do Sul a fazer parte do Brasil. O que devemos lembrar neste breve resumo, é que a solidariedade entre gaúchos e brasileiros nunca foi rompida.

ENFIM A PAZ - GUERRA DOS FARRAPOS
Poncho Verde, denominação dada aos antigos campos da Carolina, hoje 4º Distrito de Dom Pedrito, foi o local em que, há 25 de fevereiro de 1845, realizou-se a Assembléia Geral Farrapa com todos os oficiais presentes no acampamento, onde as lideranças deram informações sobre o processo de paz que somente não foi aceita por Antônio de Souza Neto e o Padre Hildebrando de Freitas, que deixaram o país e se abrigaram na Argentina. Bento Gonçalves, após apresentar a Caxias os pontos que considerava indispensáveis para a paz, retirou-se da vida pública passando o governo Rio-grandense à José Gomes de Vasconcelos Jardim. No dia 28 do mesmo mês, David Canabarro, como chefe do exército, declarou a guerra acabada.

COSTUMES TRADICIONAIS:
Por questão de educação, o Chapéu não deve ser usado em ambientes cobertos (bailes-casas ou galpões).
Nunca tire uma prenda para dançar quando ela estiver se abanando com o leque, pois é sinal que está cansada. Se ela estiver batendo o leque na mão é porque está disposta a dançar.
Não usar adereços não pertencentes a indumentária gaúcha tais como: pochetes, tênis com bombacha, sapatos de salto alto com vestidos de prenda, ou usar inadequadamente a indumentária como: camisa fora da bombacha, lenço com camisetas, chapéu estilo cowboy.
Nunca largue a prenda no meio do salão depois da música terminar.
Pedir permissão ao pai da prenda para dançar, se este a estiver acompanhando e muito importante.
A prenda não deve se negar a dançar, a menos que o peão esteja: bêbado, calçando chinelos ou alpargatas feito chinelo, mal barbeado, sujo, com cobertura (de pala, chapéu) ou a mesma esteja acompanhada de namorado, noivo ou esposo.
A prenda, em hipótese alguma deve usar indumentária masculina, como: bombacha, chiripá, lenço etc.
O peão não deve agradecer a prenda por ter dançado, apenas inclinar a cabeça cumprimentando. Se a prenda agradecer com um “obrigado”, é porque não quer mais dançar.

"Brotei do ventre da Pampa
que é Pátria na minha Terra.
Sou resumo de uma guerra
que ainda tem importância.

E, diante de tal circunstância,
Segui os clarins farroupilhas
E devorando coxilhas,
Me transformei em distância.
Sou do tipo que numa estrada
Só existe quando está só.
Sou muito de barro e pó.
Sou tapera, fui morada.
Sou a velha cruz falquejada
Num cerne de curunilha.
Sou raiz, sol farroupilha,
Renascendo estas manhãs,
Sou o grito dos tahas
Coejando sobre as coxilhas.

Caminho como quem anda
Na direção de si mesmo.
E de tanto andar a esmo,
Fui de uma a outra banda,
E se a inspiração me comanda,
Da trilha logo me afasto
E até sementes de pasto
Replanto pelas vermelhas
Estradas velhas parelhas,
Ao repisar no meu rastro.

Sou a alma cheia e tão longa,
Como os caminhos que voltam
Substituindo os espinhos
E a perda de alguns carinhos.
Velhos e antigos afrontes,
Surgiram muitos, aos montes,
Nesta minha vida aragana,
Destas andanças veterana,
De ir descampando horizontes.

Sou a briga de touros
No gineceu do rodeio.
Improtério em tombo feio,
Quando o índio cai de estouro.
Sou o ruído que o couro faz,
Ao roçar no capim.
Sou o rin-tim-tim da espora
Em aço templado.
E trago o silêncio guardado,
Do pago dentro de mim.

Fazendo vez de oratório,
Sou cacimba destampada,
De boca aberta, calada,
Como a espera do ofertório.
Como vigia em velório,
Que tem um jeito que é tão seu.
Tem muito de terra... é céu,
Que a gente sente ajoelhando,
De mãos postas levantando
O pago inteiro para Deus.

Sou o sono do cusco amigo,
Dormindo sobre o borralho.
Sou vozerio do trabalho,
Na guerra ou na paz - sou perigo.
Sou lápide de jazigo
Perdido nalgum potreiro.
Sou manha de caborteiro,
Sou voz rouca de acordeona,
Cantando triste e chorona,
Um canto chão brasileiro.

Sou a graxa da picanha
Na bexiga enfumaçada,
Sou cebo de rinhonada.
Me garantindo a façanha.
Sou voz de campanha,
Que nos lançantes se some.
Sou boi-ta-tá - lobisomem.
Sou a santa ignorância.
Sou o índio sem infância,
Que sem querer ficou homem.

Sou Sepé Tiarajú,
Rio Uruguai, rio-mar azul,
Sou o cruzeiro do sul,
A luz guia do índio cru.
Sou galpão, charla, Sou chirú,
de magalhanicas viagens,
Andejei por mil paisagens,
Sem jamais sofrer sogaço.
Cresci juntando pedaços
De brasileiras coragens.

Sou enfim, o sabiá que canta,
Alegre, embora sozinho.
Sou gemido do moinho,
Num tom triste que encanta.
Sou pó que se levanta,
Sou raiz, sou sangue, sou verso.
Sou maior que a história grega.
Eu sou Gaúcho, e me chega
P'rá ser feliz no universo."

(Marco Aurélio Campos)
"Venho do perau do serro da Serra do Caverá
Das artimanhas da vida tenho causos pra contar
Já cruzei picada escura nas noites de chuvarada
Já vi coisas de outro mundo numa tapera assombrada

Mas nem por isso parceiro, eu deixo de andar no mundo
E o rincão dos Boca seca eu conheço de frente a fundo
Das peripecias da vida peleando ja saltei fora
Cortei baldrame de rancho com os dentes das minhas esporas

Ja desaporriei matungo dando laço a campo fora
Quando o caborteiro roda, dou-lhe um grito e salto fora
Gosto de mulher bonita, de fandango e carreirada
E uma gaita de oito baixos roncando na madrugada.

Pouco me importa se o tempo um dia vai me matar
Eu não nasci pra semente e nem vim aqui pra ficar
Agradeço a natureza por tudo que ela me deu
Meu nome fica na historia pra quem nao me conheceu"

(Walter Morais)